O voto religioso

terça-feira, 23 de outubro de 2012



A questão do voto religioso é intrigante, sobretudo na vida dos juízes. Notemos as personagens de Jefté e Sansão:

Jefté (durante 6 anos) – Voto: a fim de vencer a batalha contra os amonitas, promete – se tudo der certo – sacrificar o primeiro que lhe vier de casa. "Deus" o abençoou e teve de cumprir: matou sua filha em holocausto. Alguns estudiosos já tentaram apontar outras possibilidades para que esse sacrifício fosse outro, como uma eterna virgindade. Mas o texto é muito específico tanto na Bíblia Hebraica quanto nas mais rasas traduções em português: foi holocausto e ponto.

Sansão (durante 20 anos) – Voto familiar: nazireu. Não pode ser dado ao vinho, tocar em cadáver nem raspar a cabeça. Desobedeceu a todas essas regras: bebeu, tocou em cadáver e seu cabelo foi cortado. Morreu como palhaço. Muitos chegam a pensar que seu nome não poderia ser classificado como um dos juízes, pois seu comportamento destoa fortemente dos demais. Mas o foi.

Penso:

Jefté teve sua vitória e por isso matou.

Sansão não cumpriu o nazireado e dizem que por isso morreu.

É... o voto religioso tem dessas coisas. É o que podemos chamar de antinomismo. Não há regras, há transcendência. A religião retira o assassino de cena e apresenta o santo. Abraão que o diga... mas aí é outra história... no entanto, mesmíssimo assunto.

Por: Nelson Lellis

1 comentários:

Cleinton disse...

Só que parece que voto "dá resultado", né? Ontem e hoje, só se vota porque se pensa que o Sagrado gosta disso e vai responder!!

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