Quem era Jesus?

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Cada comunidade cristã enxergou Jesus de uma maneira. Engano aquele que acha que existiu UM cristianismo primitivo. Nem muito menos UM Jesus da fé. Podemos utilizar este sintagma no plural sem medo de cometer equívocos. 

Segundo Schillebeeckx, é preciso reconhecer a figura única de Jesus de Nazaré, com sua multiforme riqueza, "aberta" para diversas interpretações possíveis.

Mas, Jesus tinha uma autocompreensão de sua identidade? Basta olharmos para suas mensagens. Era a maneira na qual "se via". Agora, é fator determinante entender que em cada querigma, Jesus se via diferente, isso porque cada comunidade se aproximava com lentes diversas.

Ninguém acha a pólvora por escrever isso, mas tem gente que anda espalhando por aí que conhece Jesus de Alfa a ômega. Isso não é ser um cristão, é ser um historiador de mão cheia.

Por: Nelson Lellis

4 comentários:

Jabesmar disse...

Não creio que o fato de pessoas verem Jesus por ângulos diferentes faça com que existam vários "Jesuses".
Como creio que a Bíblia é a Palavra Ispirado de Deus, creio que existe um só e único Jesus, bem como só existe um só e único Autor divino das Escrituras. Ele se revelou através da Palavra de Deus e esta revelação é suficiente para salvar todo aquele que o recebe como Salvador.

Graça e Paz (o resto a gente corre atrás. rsrsrs)

NELSON LELLIS disse...

Querido Jabesmar, note que eu não disse que existem "Jesuses". Disse que existem várias interpretações sobre Jesus. Isto faz com que sua faceta seja diversificada nas comunidades. Ainda hoje isso acontece. Basta olhar para a igreja ao lado. O que Jesus diz e como diz por lá é bem diferente, não é mesmo? Ora, é o mesmo Jesus? Para muitos, sim. Agora, é fato que as interpretações sobre o mesmo - e isso, dentro das Escrituras, não falo fora delas, até porque a maioria de nós não deseja se aprofundar na pessoa daquele que mudou a forma de viver o mundo - são inúmeras.
Qual evangélico abriria mão do "seu" Jesus para o Jesus interpretado pela IURD, ICAR? Dificilmente encontraríamos.
Entende como a coisa é complexa?
Os Evangelhos, da mesma maneira, são interpretações de comunidades. Sem inspiração? Quem sou eu para dizer que não?!
Lutero morreu dizendo, por exemplo, que Tiago não era inspirado. Por que será? Protestante, meu caro.
Colocou a Bíblia na mão do sujeito e deixou que ele pensasse por si. Deu nisso.
Agora, existem três maneiras de interpretar Jesus (e essas são formas que ocorrem constantemente): literariamente, doutrinariamente ou historicamente. O que passar disso é do diabo. rsrs
Outro exemplo: recebemos a Jesus por uma experiência de transformação, correto? Então, perceba que essa experiência deverá passar pelo crivo das Escrituras, correto? Se não passar, foi falsa a experiência. Ora, e quem dirá que a experiência do pentecostal foi falsa? Geralmente a linha tradicional. E quem dirá que a linha tradicional não possui verdadeiras experiências com o Jesus da Palavra? Os neopentecostais.
E isso tudo no meio dito evangélico, que diz conhecer Jesus de Alfa a ômega.
Creio, meu amado irmão, que Jesus é livre, pois Deus é livre. O vento é livre e sopra onde quer. O dia em que soubermos quem Jesus é em sua total plenitude, faremos dele um objeto simples de fé e não aquele, cuja liberdade tem todo o desprendimento de agir surpreendendo a todos aqueles que O buscam sinceramente.
Beijo grande e saudades.

Jabesmar disse...

Olá Nelsinho!
Talvez eu tenha sido induzido pelo Título na questão dos “Jesuses”. Colaborou também a afirmativa de que não há “UM Jesus da Fé”. Reconheço que há várias interpretações sobre o Senhor Jesus e negar isso seria negar o óbvio ululante.
Contudo, há sempre um contudo, não concordo com o Schillebeeckxc pois não creio que o Jesus exposto nas sagradas Escrituras queria estar aberto a várias interpretações, uma vez que se revelou nelas para que pudéssemos conhecê-Lo melhor. Não creio que esta foi a intenção do Autor dos texto do NT, o Espírito Santo de Deus. Ele queria e quer revelar o Senhor a nós e não nos confundir.
A afirmação de que “em cada querigma, Jesus se via diferente” não parece ser correta. Jesus se via sempre o mesmo em todas as situações. As abordagens é que mudavam dependendo do público ou pessoa a quem queria atingir com o seu amor.
Na sua reposta, que ficou maior que o artigo (rsrsrs), você escreve: “Basta olhar para a igreja ao lado. O que Jesus diz e como diz por lá é bem diferente, não é mesmo? Ora, é o mesmo Jesus?” Creio que sim, pois Ele sempre é o mesmo e o fato de pessoas distorcerem seus ensinos e sua pessoa não faz com que Ele mude. Quanto ao Jesus da IURD ou o da ICAR ou dos Evangélicos, apesar de, como você disse, tornar a coisa complexa eu não tenho dificuldades com isso, pois minha fonte de informação sobre Ele é a Sua Revelação Escrita e esta não muda.
Dentre as várias afirmações sobre quem é Jesus, há uma só e única interpretação correta sobre quem é Jesus. É por isso que sempre que ouvimos ou lemos algo sobre Ele devemos novamente nos voltar para o NT e nos aprofundarmos mais e amis na busca de informações sobre Ele.
Sab e Nelson não creio mesmo que, como você escreveu, que “Os Evangelhos, da mesma maneira, são interpretações de comunidades.” Não meu irmão! Por traz dos autores humanos havia um só autor divino. Ele preservou e permitiu até mesmo traços da personalidade do escritor humano? Sim, mas não creio que a Revelação seja coisa de impressões humanas.
Já os julgamentos das experiências dos crentes de vários ramos do cristianismo são sim diversas, mas não são elas o crivo determinante sobre a pessoa de Jesus e sim as Escrituras. Pouco importa o que no pentecostal, o tradicional ou qualquer outro diga, até mesmo porque as experiências são subjetivas. É difícil dar o veredito final sobre elas e não entendi bem o que isso tem a ver com quem Jesus é.

Concordo contigo que nenhum humano pode arrogar-se de ser um conhecedor de Jesus de Alfa a ômega, pois em Sua essência Jesus é Deus e ninguém pode conhecer a Deus exaustivamente, pois caso isso fosse possível Ele não seria um Deus Eterno e Infinito. Sim Jesus é livre. Totalmente livre! Quanto a isso concordamos. Porém, é possível sim conhecer e saber aquilo que Ele quis revelar sobre a Sua pessoa e Sua obra. A mais extensa, senão a única fonte literária onde isso pode ser feito é na Bíblia e é pra ela que, mesmo os defensores do Jesus puramente histórico tiveram que ir. Se bem que para achar o Jesus histórico eles se propuseram a desmitologizá -la e ai sobrou muito pouco do Cristo das Escrituras.

É possível que estejamos dizendo a mesma coisa de formas diferentes e é por isso que me animei a escrever um texto sobre a sua resposta.
Grande abraço meu Brother!

NELSON LELLIS disse...

Quando Jesus perguntou aos discípulos: "Quem dizem que eu sou?", muitas identidades surgiram. Dali pra cá não foi muito diferente. Da mesma maneira em que dizemos que a Bíblia é nossa regra de fé, inúmeras outras denominações também. As leituras são diferentes. Isso é fato. É o mesmo Jesus? Sim, o mesmo. Então, por que ninguém se entende? Ninguém se dispõe a caminhar junto? Acho que a reposta se dá quando lançamos mão da leitura dogmatizada.
Não, acho que não cremos no mesmo "Jesus". Ainda que seja o mesmo. O meu - pelo menos - não troca a bênção por uma semente de 1000 reais. Entende?
Só que do lado de lá, o "nosso Jesus" é frio e fraco. Não cura, não dá riquezas, não ressuscita, não dá carro importado...
Por fim, nos entendemos em um ponto: Jesus veio para amar. Solidarizou-se com os outros. Essa é a nossa motivação missiológica: amar. Só assim seremos reconhecidos como seus discípulos.

Beijo grande!

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